A
MULHER QUE GOSTAVA DE CATINGA
Autora: Anne Karolynne S. Negreiros
Conheci uma
mulher
Que de cheiro
num gostava
Que saia até
de perto
Se alguém se
perfumava
Mas se tivesse
com nhaca
A danada já
cheirava.
dizia ao povo
da casa
Para não se
perfumar
Jogava fora os
perfumes
Num queria nem
sonhar
Se cheirasse
um cangote
Podia até
vomitar.
Sabonete não
existia
Usava sabão de
coco
Hidratante? Nem
pensar
E ainda fazia
pouco
Se o caba
tivesse cheiro
Dizia: você ta
louco?
Detergente, só
o neutro
Pra não ter cheiro
nenhum
Mas de uma
coisa ela gostava:
Catinga mesmo,
mutum
Ficava toda
animada
Se alguém
soltasse um pum.
Ela gostava de
andar
Era mesmo de
busão
Uma vez foi
trabalhar
Na cidade
Boqueirão
Esperou o povo
entrar
Pra ver a
situação.
Ficava observando
De um jeito
muito atento
Qual era o
melhor lugar
Se em pé, ou
no assento
Ficou do lado
de um caba
Com o sovaco
fedorento.
Um sovaco
cabeludo
Chega subia o
fedor
De um moreno
bem alto
Porte de
agricultor
E ela ia ao
delírio
Com aquele
trabalhador.
Se um homem quer
conquistá-la
Tem uma dica
cem por cento:
Fique suado,
peludo
Solte um peido
fedorento
Chegue nela e
lasque um beijo
Com hálito
catinguento.