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quinta-feira, 26 de outubro de 2017

A MULHER QUE GOSTAVA DE CATINGA

A MULHER QUE GOSTAVA DE CATINGA
Autora: Anne Karolynne S. Negreiros



Conheci uma mulher
Que de cheiro num gostava
Que saia até de perto
Se alguém se perfumava
Mas se tivesse com nhaca
A danada já cheirava.

dizia ao povo da casa
Para não se perfumar
Jogava fora os perfumes
Num queria nem sonhar
Se cheirasse um cangote
Podia até vomitar.

Sabonete não existia
Usava sabão de coco
Hidratante? Nem pensar
E ainda fazia pouco
Se o caba tivesse cheiro
Dizia: você ta louco?

Detergente, só o neutro
Pra não ter cheiro nenhum
Mas de uma coisa ela gostava:
Catinga mesmo, mutum
Ficava toda animada
Se alguém soltasse um pum.

Ela gostava de andar
Era mesmo de busão
Uma vez foi trabalhar
Na cidade Boqueirão
Esperou o povo entrar
Pra ver a situação.

Ficava observando
De um jeito muito atento
Qual era o melhor lugar
Se em pé, ou no assento
Ficou do lado de um caba
Com o sovaco fedorento.

Um sovaco cabeludo
Chega subia o fedor
De um moreno bem alto
Porte de agricultor
E ela ia ao delírio
Com aquele trabalhador.

Se um homem quer conquistá-la
Tem uma dica cem por cento:
Fique suado, peludo
Solte um peido fedorento
Chegue nela e lasque um beijo
Com hálito catinguento.


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