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quinta-feira, 25 de dezembro de 2014

Relato de parto - Ulisses Filho

Vídeo contanto meu relato: https://www.youtube.com/watch?v=iLihIK93DM8&list=UUZfjM1ejlQU2wgsnUDXanxg


O meu relato de parto parece um conto de fadas, com direito a cenas de tensão, dor, emoção, aventura, recheado com ocitocina, ao som de uma trilha sonora personalizada e tem como desfecho um lindo príncipe, que veio para encantar todos ao seu redor. Neste conto, só não têm aquelas bruxas malvadas, pois todos os personagens são fadas e anjos de luz, que semearam a bondade durante toda a trajetória.
Tudo começou na manhã de 15 de dezembro, com a chegada das primeiras contrações. Elas começaram a ficar ritmadas e resolvi ir para a maternidade, com meu tio Santos, meu pai, minha irmã e meu marido. Quando fiz avaliação obstétrica, ainda estava com 1 centímetro de dilatação, então voltei para casa e fiquei curtindo o início do meu trabalho de parto. Após um longo e doloroso dia, na manhã do dia 16 já estava com contrações bem mais intensas e, à noite, ninguém em casa tinha dormido de preocupação, meus pais, irmãos e marido ansiavam para que eu fizesse uma nova avaliação. Novamente fui à maternidade,achando que já estaria com dilatação completa. Para nossa surpresa, eu ainda estava com pouco mais de 3 centímetros. O médico sugeriu internamento, mas resolvi que preferia esperar com minha família para que houvesse maior evolução; então eu, minha mãe, irmã e marido fomos ao Parque da Criança para que eu pudesse caminhar, respirar o oxigênio das árvores e estimular naturalmente o trabalho de parto (TP).  Foi muito gostoso esse momento com eles e, apesar das dores, sentia-me bem acolhida;porém, uma crise de vômitos me ocorreu, fiquei fraca e fui socorrida por uma equipe de SAMU; os socorristas pensavam que minha bolsa havia estourado e já vieram preparados para fazerem meu parto lá mesmo, mas ainda não era o momento. Solicitaram que a ambulância me levasse novamente à maternidade, onde o médico indicou meu internamento, esclarecendo que o TP poderia evoluir rápido; assim, minha mãe me acompanhou para a sala pré-parto e revezou a assistência com minha irmã. Durante o dia, fui conhecendo os profissionais que me acolheram e compartilhei com eles o meu grande desejo: um parto natural, humanizado e sem intervenções. Recebi todo o apoio da equipe, e me encantei com a bondade da fisioterapeuta Amara, que esteve sempre ao meu lado; enfermeiros e técnicos de enfermagem me deram todo o suporte necessário e o professor de Emanoel, juntamente a um grupo de estudantesde enfermagem da UFCG,fizeram toda a diferença em meu acolhimento. Quando vinham as dores, eu tinha as mãos amigas de minha mãe ou irmã para me acalentar e dar forças; meu marido ficou o dia inteiro na espera da maternidade, preocupado e pronto para estar a qualquer momento na sala de parto comigo, para a chegada do nosso filho... mas isso não aconteceu. O dia inteiro de dores, exercícios respiratórios, caminhadas, orações e Ulisses Filho ainda não estava pronto para vir ao mundo. A madrugada foi muito difícil; em casa, meu pai e irmão oravam por mim, pela internet todos os amigos se solidarizavam, enviando mensagens de carinho; familiares e amigos, inclusive minha tia, que mora no Canadá, ligavam à procura de notícias, mas eu continuava no meu longo processo de TP.
Nesse contexto, os profissionais divulgaram a música que compus para o bebê, e houve até um momento em que fui entrevistada pela enfermeira Laudeci, que se encantou pela música e passou a registrar vários momentos do meu TP. A manhã do dia 17 chegou e me veio uma alegria: era o plantão da dra.Bianka, uma obstetra que vinha me dando muita assistência pela internet, inclusive apoiando também meu marido, que estava em muito sofrimento por toda essa expectativa. Dra. Bianka sabia que eu queria um parto humanizado e estava disposta a fazer tudo para garantir que eu o tivesse. Fez minha avaliação junto aos estudantes de medicina da FCM e, sob meu consentimento, estourou minha bolsa. As contrações aumentaram, recebi assistência dos estudantes de fisioterapia da Universidade; o fisioterapeuta Décio esteve comigo em todos os momentos, recebi assistência de duas doulas e minha irmã e mãe não me deixavam sozinha nem um segundo. Meu marido continuava esperando na recepção da maternidade; foi permitido que ele viesse me ver e, quando eu já estava quase sem forças, seu abraço e carinho vieram fortalecer minhas energias e reafirmar minha vontade de parir. Todos respeitavam meu desejo de um parto natural, eu já havia feito exercícios nas bolas de Pillates, banho morno, caminhadas, agachamentos, exercícios pélvicos, e nada... então a dra.me sugeriu uma dose extra de ocitocina. Eu aceitei, mesmo assim o bebê ainda não conseguia o encaixe para o nascimento natural. Então, em meu último banho, assistido por minha cunhada Riane e, após termos orado para o anjo da guarda de Ulisses Filho, a dra.Bianka conversou comigo sobre a realização de um parto Cesário. As minhas energias ainda estavam concentradas para trazer meu bebê de forma natural, mas não era dessa forma que Deus havia planejado o desfecho desse parto.Assim, recebendo as vibrações positivas de todos os meus familiares e amigos, através de orações, finalmente me encontrei com meu marido na sala de cirurgia e, segurando sua mão, ao som da música que compus, ouvimos pela primeira vez o som da voz do nosso bebê, meu tão amado e esperado Ulisses Filho.

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